O Rio de Janeiro é um destino vibrante à beira-mar, famoso mundialmente pelas praias de Copacabana e Ipanema. Espremida entre o Oceano Atlântico e colinas cobertas de vegetação, a metrópole abriga patrimônios mundiais da UNESCO, como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, além de bairros cheios de cultura e arte, entre eles Lapa, Santa Teresa e Leblon. A segunda maior cidade do Brasil ganha ainda mais vida durante o Carnaval, com uma explosão de cores, fantasias elaboradas, batucadas de samba e muita dança contagiante. É nesse espetáculo que se revelam toda a diversidade, alegria e criatividade do Rio. Na imaginação de muitos, viver na antiga capital é sinônimo de praia, passeios, caipirinhas e noites animadas. Mas essa é a experiência do turista. Já para os moradores, o dia a dia tem seus altos e baixos, como em qualquer lugar do planeta. Antes de fazer as malas e se mudar, é essencial pesquisar bem e considerar todas as desvantagens. Para equilibrar, ao final você encontrará uma seleção de restaurantes com preços acessíveis que fazem sucesso entre os cariocas. Não deixe de conferir!
Grupo de policiais lado a lado. Foto: Darwin Boaventura, Unsplash
Começamos nosso guia com um dos aspectos mais discutidos — e preocupantes — da vida no Brasil: a criminalidade. O país é frequentemente associado a episódios de violência que, por vezes, parecem cenas de filme. O Rio de Janeiro, em especial, registra cerca de 23% mais ocorrências do que qualquer local nos Estados Unidos. Casos como helicópteros da polícia atingidos por tiros ou sequestros de celebridades não são tão raros quanto se imagina.
Nos últimos anos, o governo implementou reformas para aumentar a segurança e reduzir os crimes violentos. Ainda assim, recomenda-se cautela, especialmente para imigrantes e turistas. É importante evitar áreas de risco — como regiões mais internas das favelas —, não usar joias chamativas, carregar objetos de valor com discrição e manter-se sempre atento ao redor. Algumas precauções práticas incluem: optar por morar em condomínios fechados, evitar o transporte público à noite e proteger-se contra golpes e furtos. Vale lembrar que a maioria dos homicídios está ligada a disputas entre facções e ocorre em áreas mais vulneráveis, normalmente sem afetar a população em geral.
Rio de Janeiro, Brasil. Foto: AXP Photography, Unsplash
Uma das principais desvantagens de viver no Rio é a desigualdade social e econômica, visível no dia a dia e com efeitos profundos. Embora global, o problema é especialmente acentuado no Brasil. Mais de 90% da população carioca ganha apenas até dois salários mínimos, enquanto a maior parte da riqueza está concentrada nos 10% mais abastados.
Muitos estrangeiros vivem em condomínios fechados, bem estruturados e seguros, o que os distancia da realidade da maioria da população — às vezes sem que se deem conta disso. A desigualdade é tão profunda que se reflete diretamente no planejamento urbano: bairros de baixa renda enfrentam desafios recorrentes como enchentes, falta de saneamento básico, ruas esburacadas e infraestrutura precária. Em contraste, as áreas mais ricas dispõem de serviços eficientes, como coleta de lixo regular, ruas bem mantidas, policiamento e câmeras de segurança.
Um inseto no corrimão. Foto: Antony Hyson Seltran, Unsplash
Embora o clima tropical do Rio de Janeiro encante muitos turistas, a experiência no dia a dia pode ser bem diferente. Grande parte do ano é marcada por calor intenso e alta umidade, o que pode ser desconfortável e até prejudicial à saúde. Os verões são especialmente difíceis — inclusive à noite. Se você abrir a janela para refrescar o ambiente, mosquitos e outros insetos não tardarão a fazer uma visita. Por isso, o uso constante de ar-condicionado se torna quase inevitável.
A estação também é marcada por chuvas torrenciais, que provocam alagamentos em diversas regiões da cidade. Além de travar o trânsito, isso leva pragas urbanas como aranhas e baratas a buscarem abrigo dentro das casas. O acúmulo de água também favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya, zika e febre amarela — todas com potencial de complicações sérias.
Dica importante: Durante o período de chuvas, recomenda-se consumir apenas água purificada ou engarrafada para evitar doenças de origem hídrica.
Uma pilha de livros em cima da mesa. Foto: Wesley Tingey, Unsplash
Para muitos moradores, lidar com a burocracia é uma das maiores dores de cabeça. Os trâmites em instituições públicas brasileiras costumam envolver montanhas de papel, pouca clareza e longas esperas. Em cidades como o Rio, procedimentos legais podem variar conforme o atendente, o dia ou até a unidade responsável, gerando confusão e frustração. Para se ter uma ideia, algo básico como emitir o CPF (número de identificação fiscal) pode exigir mais de quatro visitas a repartições e envolve uma série de documentos que precisam ser copiados, carimbados e autenticados em cartório.
Para estrangeiros que vivem no Brasil, o CPF é essencial, já que é usado praticamente para tudo: adquirir passagens aéreas domésticas, fazer compras online, abrir conta em banco e matricular-se em academias, entre outras coisas. Se até esse primeiro passo já é demorado, imagine processos mais complexos como tirar cidadania, renovar vistos ou registrar um casamento. Por isso, quem pensa em morar no Rio precisa se armar de paciência.
Uma multidão de turistas. Foto: Ferran Feixas, Unsplash
Quando uma metrópole populosa também é um destino turístico procurado, a superlotação se torna quase inevitável. O Rio de Janeiro tem cerca de 13 milhões de habitantes e, durante a alta temporada, o número de pessoas circulando na cidade cresce consideravelmente. A alta densidade populacional impõe desafios diários, como congestionamentos e escassez de moradias a preços acessíveis. Para piorar, o desenvolvimento urbano ainda deixa muito a desejar.
Embora muitos cariocas reconheçam que o transporte público melhorou após a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, a percepção geral é que ele passou de desastroso para apenas ruim. A cidade conta com apenas um ônibus para cada 830 habitantes e três linhas de metrô, com 41 estações e cerca de 57 quilômetros de extensão. O grande problema é a concentração de pessoas nos transportes — especialmente nos dias quentes, quando a sensação térmica está perto dos 40 °C. Nessas condições, o deslocamento não é apenas desconfortável, mas também pode oferecer riscos à saúde.
Uma bandeja cheia de comida. Foto: Alfredo Burgos, Unsplash
Nem tudo é desafio no Rio — a comida saborosa é, sem dúvida, um de seus maiores trunfos. A cidade é um verdadeiro caldeirão cultural, o que se reflete em uma cena culinária rica, variada e cheia de personalidade. Os sabores mais tradicionais estão por toda parte — basta dar uma volta e você encontrará feijoada, churrasco, legumes frescos e tapioca.
Caipirinha. Foto: Freepik
Os frutos do mar também são um destaque, favorecidos pela localização da cidade às margens do Oceano Atlântico. E, claro, nenhuma experiência gastronômica no Brasil estaria completa sem a caipirinha — preparada com limão, cachaça e açúcar. Tomar cerveja gelada também é parte da cultura local, e isso se nota nos animados quiosques de praia. E se você é fã de vinhos, não se preocupe: há ótimas opções importadas da Argentina e do Chile com preços camaradas. Sem mais delongas, vamos descobrir os melhores endereços com bom custo-benefício no Rio — aqueles que qualquer carioca, de nascimento ou por escolha, precisa conhecer.
Começamos a lista com um verdadeiro ícone carioca: a Confeitaria Colombo, inaugurada em 1894 por dois imigrantes portugueses, Joaquim Borges de Meireles e Manuel José Lebrão. Uma das mais tradicionais do Brasil, ela costuma ser comparada a grandes cafeterias históricas da Europa, como o Café Central, em Viena, o Café de la Paix, em Paris, e o Antico Caffè Greco, em Roma.
Com seu interior deslumbrante no estilo art nouveau — marcado por espelhos de cristal belgas e franceses, claraboia com vitrais, móveis entalhados à mão e mesas com tampo de mármore —, a casa já recebeu nomes ilustres como o rei Alberto I da Bélgica e a rainha Isabel II do Reino Unido. A melhor maneira de aproveitar a visita é no almoço, saboreando pratos tentadores como o arroz de pernil de porco com linguiça, o risoto de cogumelos chanterelle, o polvo grelhado com polenta, o bacalhau frito em molho de tomate e alcaparras, além do sanduíche de frango assado com cebola em conserva ao molho pesto. Finalize com uma das sobremesas, que incluem bomba de pistache, tartelete de chocolate com goiaba ou mil-folhas de doce de leite.
Conta média: R$ 150
Empanadas são tortas com recheio - o prato é normalmente cozido com farinha de trigo, gordura de bife e queijo. O nome do pão recheado vêm do verbo espanhol "empanar", que significa "embrulhar" com pão.
Se você está em busca de refeições brasileiras simples e caseiras, o Bonde Boca, no bairro de Santa Teresa, é a escolha certa. O restaurante oferece um ambiente acolhedor, com vistas incríveis da cidade e um terraço ao ar livre perfeito para aproveitar o sol.
A cozinha é comandada pelo chef Felipe Murray, um morador local que cresceu aprendendo as receitas da mãe. No cardápio que une tradição e técnicas modernas, você encontra delícias como o filé mignon suíno com ratatouille de legumes, o atum selado na crosta de gergelim ao molho agridoce de shoyu, as empanadas de carne com molho de pimentão grelhado, o peito de frango na manteiga com molho de laranja e o caldinho de feijão com cebolinha e bacon. Para acompanhar, há uma extensa seleção de bebidas, com caipirinhas de maracujá refrescantes e cervejas artesanais.
Conta média: R$ 120
Na avenida Nossa Senhora de Copacabana, o Basha é um restaurante tradicional da culinária libanesa. Foi idealizado pelo chef Nicolas Habre, que soma mais de 40 anos de experiência. Ele iniciou sua carreira em São Paulo, passou pelo Canadá e, por fim, retornou ao Rio. A decoração do Basha leva a assinatura do arquiteto André Rodrigues, que apostou em uma paleta vibrante e em objetos decorativos trazidos diretamente do Líbano.
O ambiente é encantador: cozinha aberta, artefatos de narguilé, artesanato refinado, piso de parquet polido, lanternas metálicas suspensas e balcões revestidos com azulejos coloridos. Sob a supervisão do chef Habre, a equipe prepara um cardápio árabe autêntico, utilizando ingredientes locais. Experimente a kafta de carne moída com cebola frita e arroz de lentilha, o falafel recheado com homus e servido com geleia de damasco, o arroz marroquino com lascas de cordeiro e amêndoas e o bife T-bone acompanhado de salada fatouch. Para um toque doce e exótico, peça o arroz-doce à moda libanesa com calda de rosas ou os crepes recheados com pistache e servidos com coalhada fresca ao mel.
Conta média: R$ 130
Nossa última parada é uma charmosa trattoria de bairro: o Pasta & Vino. No coração de Copacabana, o restaurante é uma criação do casal Regina e Luciano Pessina. Juntos, eles têm mais de 45 anos de experiência na gastronomia, com foco na culinária italiana.
O grande diferencial da casa está na massa fresca, produzida diariamente no salão. Os clientes podem se acomodar no interior, que segue um estilo minimalista com decoração que mistura madeira, granito, azulejos e metal, ou optar pela área externa sombreada — ideal para dias agradáveis. No menu, destaque para a focaccia de azeitona com salame picante, as alcachofras em emulsão de tomate seco, o tagliatelle de camarão ao molho de manteiga e alho, o nhoque com cogumelos shiitake ao pesto e o ravióli de espinafre na manteiga de sálvia. Nas sobremesas, brilham a panna cotta, o clássico tiramisù e o tortino de chocolate com creme de baunilha.
Conta média: R$ 140
Praias de areia dourada, montanhas verdes, uma vida noturna animada ao som do samba e uma gastronomia de dar água na boca — é assim que se vive o melhor do Rio de Janeiro. De partidas de futebol a monumentos históricos, o destino oferece algo para todos os gostos. Porém, mudar de país ou até mesmo de cidade é sempre um salto no desconhecido. Esperamos que este artigo tenha trazido informações úteis para ajudar você a tomar uma decisão mais consciente.
0 comentários