Você acabou de desembarcar em Belo Horizonte — ou BH, para os íntimos. Mais do que um simples ponto no mapa do Brasil, a cidade é bem capaz de conquistar seu coração logo à primeira vista. Aqui, a vida é boa: noites animadas, natureza exuberante, espaços modernos e cativantes e uma gastronomia de dar água na boca que une todo mundo. Este guia traz os melhores lugares para conhecer, além de dicas práticas e restaurantes por perto onde você pode provar o melhor da culinária mineira. Venha pela cultura e fique pelo pão de queijo!
Pampulha. Foto: Fernando Dantas, Unsplash
A Pampulha é a joia arquitetônica de Belo Horizonte — um projeto visionário que surgiu nos anos 1940, quando a cidade sonhava alto. Idealizado pelo mestre Oscar Niemeyer, com paisagismo de Roberto Burle Marx e pintura de Cândido Portinari, esse complexo à beira d'água é um encontro perfeito entre criatividade e sossego. O destaque é a Igreja de São Francisco de Assis — um marco do modernismo brasileiro, com curvas ousadas, azulejos deslumbrantes e um estilo que rompeu com todas as convenções da época.
Dê uma volta pela lagoa artificial e descubra a Casa do Baile (hoje um museu de planejamento urbano), o Iate Clube em estilo art déco e o antigo cassino, atual Museu de Arte da Pampulha. Cada estrutura parece se fundir com o entorno natural — fruto do trabalho genial de arquitetos e artistas.
Dica esperta: Alugue uma bicicleta ou patinete elétrico e percorra os 18 km ao redor da lagoa. O trajeto oferece vistas incríveis, paradas para água de coco, selfies e até observação de pássaros (ou capivaras!). Vá de manhã cedo ou no fim da tarde para fugir do calor e aproveitar a luz dourada do pôr do sol.
Dica extra: Se você curte fotografia, leve uma lente zoom e registre os contrastes entre o urbano e o natural — não à toa a Pampulha é Patrimônio Mundial da UNESCO.
Localização no Google Maps: Pampulha
O Restaurante do Porto é um dos queridinhos dos locais, conhecido por servir a autêntica culinária mineira em um ambiente descontraído e rústico. Com decoração em madeira e uma atitude “sem pressa”, é uma ótima pedida depois de uma manhã inteira admirando Niemeyer. As porções são generosas, e os sabores, ousados. No cardápio, itens imperdíveis como o feijão tropeiro (um clássico regional com feijão, linguiça e farofa de mandioca) e a carne de porco com folhas de ora-pro-nóbis.
Apesar do clima informal, a comida é levada a sério. Tudo é preparado com aquele inconfundível carinho mineiro — ensopados a fogo lento, carnes bem temperadas e uma boa dose de alho. Depois da refeição, você provavelmente vai precisar de um cochilo... ou de um café forte. O endereço é ideal para famílias e grupos, mas costuma lotar nos fins de semana. Chegue cedo ou reserve com antecedência para garantir uma boa mesa no sábado.
Conta média por pessoa: R$ 80–100 (cerca de US$ 15–20), incluindo prato principal, bebida e sobremesa.
Mercado Central de Belo Horizonte. Foto: Paulo SP, licenciada sob CC BY-SA 4.0
Se quiser conhecer Belo Horizonte de verdade, comece pelo Mercado Central. Com mais de 400 barracas de comida e artesanato, é um dos cartões-postais da cidade. Desde 1929, recebe moradores em busca dos ingredientes do dia a dia, turistas atrás de lembranças e foodies caçando iguarias locais — como o queijo minas artesanal, tão especial que tem até proteção de origem. Não deixe de prová-lo com goiabada para a clássica dupla Romeu e Julieta.
Mas o mercado não é só para quem ama comida. Por lá, você encontra ervas medicinais, artigos espirituais, peças de couro, utensílios de barro e até uma ala de animais (sim, há até galinhas à venda). Os aromas mudam a cada passo — de pastéis fritos a café fresco, passando por cachaça artesanal.
Dica útil: Vá ao Bar da Lora para uma cerveja gelada com torresmo. É onde os moradores se reúnem para relaxar e socializar. Não espere sofisticação, mas sim sabor e boas conversas.
Dica pro: Vá de manhã, entre 9h e 11h. Antes da multidão, os vendedores estão mais dispostos e ainda cheios de energia. Leve dinheiro em espécie e tente conseguir um desconto. E talvez pule o café da manhã — você vai querer chegar com apetite.
Localização no Google Maps: Mercado Central de Belo Horizonte
Instalada no icônico Edifício Maletta, a apenas cinco minutos do Mercado Central, a Cantina do Lucas é rica em história. Em funcionamento desde os anos 1960, era o ponto de encontro de boêmios, políticos e poetas, que vinham discutir ideias e tomar cervejas geladas. Hoje, o restaurante mantém seu charme vintage: paredes de madeira, luz baixa e uma trilha sonora de MPB que completa o clima.
O cardápio é brasileiro com toques europeus, focado nos clássicos da culinária caseira. Um dos destaques é o filé à parmegiana — uma generosa fatia de carne empanada, coberta com molho de tomate e queijo derretido, servida com arroz e batatas fritas. O atendimento é rápido, as porções são fartas e a carta de bebidas inclui cervejas artesanais e ótimas caipirinhas.
No segundo andar da Maletta, há livrarias independentes e botecos encantadores, caso você queira prolongar a experiência. O prédio pode parecer um pouco sem graça por fora, mas os moradores sabem: é aqui que está a verdadeira alma gastronômica de Belo Horizonte.
Conta média por pessoa: R$ 60 a R$ 80 (cerca de US$ 12 a US$ 16) pela refeição completa com bebida.
Museu Inhotim. Fonte: www.facebook.com/inhotim
O Inhotim fica a cerca de uma hora de Belo Horizonte — mas vale cada quilômetro percorrido. Com 140 hectares de área, ele combina jardim botânico e museu de arte contemporânea, surpreendendo os visitantes com obras monumentais e instalações imersivas. Você vai encontrar criações de nomes como Yayoi Kusama, Tunga, Hélio Oiticica e Adriana Varejão, espalhadas por uma paisagem que parece de outro mundo. As galerias se misturam às trilhas cercadas por vegetação exuberante, onde não é raro se deparar com flores exóticas, pavões e até macacos.
Entre os destaques estão o caleidoscópio de Olafur Eliasson, o pavilhão de Doug Aitken — que transmite os sons da Terra — e a Galeria Adriana Varejão, com sua arquitetura minimalista e espelhos d'água. Até os banheiros do Inhotim são pensados como experiências visuais.
Dica útil: Use calçados confortáveis (você vai andar bastante), leve repelente e prepare-se para passar lá o dia inteiro. Há dois restaurantes no parque — um a quilo e outro mais sofisticado. Mas levar um lanche também é boa ideia.
Dica pro: Se puder, vá durante a semana, quando o movimento é menor. Fins de semana costumam ser mais cheios, especialmente em dias de eventos ou novas exposições. Compre seu ingresso online com antecedência e considere alugar um carrinho elétrico se quiser explorar tudo com mais conforto.
Espessa sopa de peixe brasiliera com pedaços de salmão, tomates, pimenta-biquinho, cebola e leite de coco. Essa sopa de peixe temperada é normalmente cozida e servida em panelas de barro.
Dentro do Inhotim, o Restaurante Oiticica se encaixa perfeitamente na atmosfera do complexo cultural. Batizado em homenagem ao artista brasileiro Hélio Oiticica, o espaço tem vista para um lago e conta com arquitetura contemporânea que se funde à paisagem ao redor.
A comida é cobrada por peso, com um buffet vibrante de saladas, carnes, opções vegetarianas e pratos brasileiros com um toque gourmet. O cardápio varia conforme a estação, mas espere encontrar delícias como moqueca de banana-da-terra, mandioca assada e tilápia grelhada. Tudo é bem apresentado e preparado com ingredientes locais.
É um oásis dentro de outro oásis — o ambiente por si só já compensa a visita, com teto alto, elegantes luminárias em forma de gota e o canto dos pássaros ao fundo. Ideal para recarregar as energias entre uma galeria e outra.
Conta média por pessoa: R$ 90 a R$ 110 (cerca de US$ 18 a US$ 22), dependendo do apetite.
Praça da Liberdade, Belo Horizonte. Foto: Gabriel Ramos, Unsplash
Antiga sede do poder político de Minas Gerais, a Praça da Liberdade é hoje o coração cultural de Belo Horizonte — e também um verdadeiro sopro de ar fresco. Cercada por palmeiras-imperiais, jardins em estilo europeu e uma elegante combinação de arquitetura clássica e modernista, é o tipo de lugar onde as pessoas vão para ler, flertar, comer pipoca ou simplesmente relaxar à sombra de uma magnólia do século XIX.
O ponto alto do entorno é o antigo Palácio do Governo, hoje transformado em um centro cultural. Mas o que realmente movimenta a área é o Circuito Liberdade — uma rede de museus e espaços criativos distribuídos pelos belos edifícios históricos ao redor. Você pode visitar desde o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que recebe exposições e peças de teatro, até o Memorial Minas Gerais Vale, com experiências multimídia que exploram o passado.
Dica útil: A maioria dos museus tem entrada gratuita e abre de terça a domingo. Dá para passar metade do dia por lá, então use sapatos confortáveis e leve água — o sol de BH não costuma dar trégua.
Dica pro: Confira o Café com Letras, logo ali na esquina. Parte cafeteria, parte livraria e parte bar, tem mesinhas aconchegantes, ótimo espresso e, às vezes, música ao vivo. É uma excelente pedida para relaxar e observar o movimento do fim da tarde.
Localização no Google Maps: Praça da Liberdade
A poucos minutos a pé da Praça da Liberdade, fica o Glouton, um dos restaurantes mais renomados de Belo Horizonte. Sob o comando do chef Leo Paixão, celebridade da cena gastronômica local, a equipe apresenta uma culinária contemporânea que mistura elementos da França e do Brasil. Despertam o paladar, por exemplo, o wagyu com ora-pro-nóbis, o duo de pato com molho de laranja e tucupi ou a moqueca de elegância surpreendente. Os pratos são lindamente montados — mas sem exageros artísticos.
E os drinks? São de impressionar, em particular a caipirinha de jabuticaba. O estabelecimento funciona em uma casa encantadora e despretensiosa, com iluminação baixa e clima acolhedor.
Queridinho de gourmets, casais e amantes da boa mesa, o Glouton mostra como a cozinha brasileira pode brilhar na alta gastronomia. Reserve com antecedência, especialmente aos fins de semana — o lugar costuma lotar.
Conta média por pessoa: R$ 140 a R$ 180 (cerca de US$ 28 a US$ 36), com bebida e sobremesa. Não é barato, mas vale cada centavo.
A Autêntica, no bairro da Savassi. Fonte: www.facebook.com/autenticabh
Charmosa e sociável, a Savassi, região no centro-sul de Belo Horizonte, é parada obrigatória para quem procura vida noturna, boa comida ou apenas um drink (que logo vira três). A atmosfera é boêmia, cultural e animada — todo mundo é bem-vindo, desde que traga vontade de conversar e brindar.
Durante o dia, a Savassi oferece cafés descolados, boutiques e espaços de coworking cheios de gente estudando ou trabalhando. E quando a noite cai, as calçadas se enchem de mesas, a música ecoa nas esquinas e o cheiro de carne na brasa domina o ar. Tem de tudo — desde casas de jazz intimistas até rooftops badalados, passando pelos botecos tradicionais que servem a dupla imbatível: chope gelado e petiscos de respeito.
Não deixe de conferir a Praça Diogo de Vasconcelos, o coração social do bairro. É lá que os moradores se encontram, músicos de rua se apresentam e ambulantes vendem de bijuterias a brigadeiros. Para ouvir um bom som ao vivo, venha à Autêntica, casa de shows que recebe de samba a indie rock.
Dica útil: Use Uber ou táxi depois que escurecer — o transporte público é limitado à noite. BH é, em geral, segura, mas como em qualquer cidade, prefira locais bem iluminados e fique atento ao redor.
Dica pro: Bateu fome depois da meia-noite? Vá buscar um hambúrguer no X-tudo. Apetitoso e um pouco bagunçado, leva carne, queijo, bacon, milho, ervilha e batata palha — o combustível perfeito para encerrar (ou sobreviver a) uma noite de festa.
Localização no Google Maps: Savassi
Em um charmoso casarão de esquina, o Birosca S2 (“S2” é símbolo de coração) atrai o público descolado e artístico de BH. Intimista, o ambiente capricha na decoração: espelhos antigos, cadeiras retrô, peças de artesanato e uma trilha sonora que vai do samba ao rock.
O menu é enxuto, mas criativo, com petiscos, pratos principais de surpreender e doces artesanais. Entre os destaques estão o nhoque com creme de abóbora e bacon crocante, o ossobuco para lá de macio e o risoto de cogumelos com ovo poché, uma estrela entre as opções vegetarianas. O Birosca S2 conquista tanto pelo ambiente quanto pelo sabor — perfeito para um jantar especial com aquele toque instagramável. Chegue cedo para evitar fila (o espaço é pequeno e concorrido) e, por favor, não vá embora sem provar a sobremesa: o brigadeiro brûlée é uma delícia.
Conta média por pessoa: R$ 100 a R$ 130 (US$ 20 a US$ 26), dependendo da escolha de bebidas.
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